Fiquei devastada com a morte prematura de
Marku Ribas.
Lamentável o desprezo para com ele e todos os
artistas piraporenses, não somente por ocasião das comemorações do Centenário
de Pirapora, mas durante os 8 anos da administração corrupta do ex-prefeito itinerante.
Nos shows do Centenário de Pirapora, gastaram R$
2.167.500,00 com os cachês. Superfaturaram
R$ 670.000,00. Todavia, não
prestigiaram os artistas nativos.
Heliomar Valle da Silveira, prefeito subjudice, por ser um forasteiro,
desconhecer a história de Pirapora e não saber quem são as pessoas que elevaram
o nome da nossa cidade, não teve a sensibilidade de decretar luto oficial em Pirapora, em respeito à
morte de Marku Ribas, artista mais ilustre de Pirapora.
Abaixo
publico uma belíssima homenagem ao inesquecível e querido amigo Marku
Ribas, escrita por Ivan Chagas, a quem peço permissão para subscrever.
MARKU
RIBAS, UM MITO INCOMPREENDIDO!
Ivan Chagas (*)
Por ligações familiares com Pirapora, conheci
o Marku Ribas desde sempre. Lembro-me da trilha sonora das minhas férias
escolares em Pirapora, nos anos 1970, quando ouvíamos “Colcha de Retalhos”,
canção que tocava exaustivamente no Xangô, e até na boite da cidade, em meio
aos sucessos das discotecas.
Anualmente, Marku compunha o samba enredo para
nosso bloco de carnaval, o “Pira Pirou”.
Foram inúmeros shows do Marku que eu assisti.
Lembro-me da maravilhosa “Festa do Sol”, em 1985, no areião às margens do Velho
Chico, em
Pirapora. Orgulho-me de ter sido o iluminador do show de
lançamento do LP Autóctone, no extinto Cabaré Mineiro, sob orientação de
Sinésio Bastos, Sinesinho.
Não estou bem certo, talvez em 2011, Marku
dividiu um show com João Donato, na Praça do Papa, aqui em Belo Horizonte.
Foi a última vez que o vi não só no palco, mas em vida. Recentemente
na Feira do Vinil, também em
Belo Horizonte, vi o raro “LP Underground”, de 1973, sendo
vendido por um lojista do Rio de Janeiro, por R$ 150,00. Isto é mais um
exemplo, dentre tantos, da valorização do seu trabalho.
Plural, esta palavra comumente usada por todos
para designar o seu trabalho, nada mais é do que a síntese do seu talento:
cantor, compositor, violonista, baterista, percussionista, ator e muito mais.
Sua polirritimia contagiava a todos que o assistiam, seja com um simples violão,
seja com uma super banda.
Mas nem tudo são flores na vida dos grandes
artistas e mestres. Polêmico por ser autêntico, Marku Ribas, como muitos outros,
não teve o seu talento reconhecido pela grande mídia, quiçá pelo público.
Merecia muito mais, basta uma rápida procura no Google e veremos que sua
partida foi noticiada pelos mais importantes veículos de comunicação do Brasil.
Sábado, Marku Ribas entrou para a galeria dos
imortais, nos deixando uma obra singular, como poucos fizeram em vida, de
riqueza extraordinária. Quem não teve o privilégio de assistí-lo no palco,
saiba que perdeu a oportunidade de conhecer um dos mais prolíficos artistas que
o Brasil já teve.
Se não teve a mídia ao seu lado, lhe dando o
devido valor, venceu de outra forma, compondo uma obra de grande valor estético
e cultural. A cultura do descartável coloca uma cortina opaca à frente de
talentos como Marku Ribas, mas com sabedoria podemos transformar esta opacidade
em transparência. Marku
Ribas foi uma vítima da má compreensão do que é essencial aos
nossos valores culturais.
Pirapora sempre foi referência para ele, todos
sabem que Marku Ribas “é de Pirapora”, nunca negou suas raízes barranqueiras.
Onde estivesse falava da cidade com muito carinho.
Chato e oportunista é ler posts no Facebook
fazendo homenagens póstumas, por pessoas que em vida não lhe deram o
reconhecimento devido. Refiro-me à Prefeitura de Pirapora, que por ocasião do
centenário da cidade, em 2012, subestimou o nome de Marku Ribas, o “Embaixador
de Pirapora”, não o convidando para as comemorações.
Levaram sim, um monte de shows piegas, alguns
do mais baixo nível musical e intelectual, sobrando uma ou duas exceções. Foram
mais de oito anos sem se apresentar em eventos na cidade de Pirapora que,
ironicamente, ele colocou no mapa cultural do mundo. Foi literalmente alijado
de sua terra natal.
E, certamente, ele se foi com esta dor!
(*) Ivan
Chagas
Sion
Produções e Eventos / Belo Horizonte
(31) 9868-8300