Ministério do Turismo reprova
contabilidade das festas feitas pelo ex-prefeito de Pirapora Warmillon Braga e
cobra da atual gestão a devolução dos recursos
Maria Clara Prates
Publicação: 31/10/2013
Os desmandos do ex-prefeito de Pirapora Warmillon
Braga – hoje preso na Penitenciária Nélson Hungria, em Contagem, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte – têm preço e a conta começa a ser apresentada
à população da cidade. O Ministério do Turismo está cobrando o ressarcimento de R$ 1,395 milhão referente apenas a três
convênios, de 2010, para realização de festas na cidade. Ironicamente, uma
delas recebeu o nome de Natal Feliz. Nenhuma das prestações de contas
apresentadas pela administração foi aprovada, de acordo com o Ministério do
Turismo, que repassou R$ 200 mil para a Micareta, R$ 300 mil para o evento
Forrozando, além de outros R$ 500 mil para o Natal Feliz. A conta salgada teve
o acréscimo de correções no valor de quase R$ 400 mil, atualizadas até o mês
passado, aprofundando a crise do caixa municipal, conforme
correspondência do governo federal à advogada Myriam Figueiredo, autora das
denúncias de irregularidade.
Os convênios para festas são definitivamente o
calcanhar de aquiles do ex-prefeito, que está preso preventivamente também em
razão do gasto de mais de R$ R$ 2.577,9 milhões para a realização do evento que
comemorou o centenário de Pirapora. Warmillon Braga foi preso em 2 de julho,
durante a Operação Violência Invisível, desencadeada pela Polícia Federal e
Procuradoria da República, para pôr fim a uma sangria de mais de R$ 70 milhões
por meio de fraudes em licitações, como ocorreu com as festividades dos 100
anos da cidade. Foi exatamente uma fraude em concorrência para coleta de lixo
em Pirapora que forneceu a pista para desfazer o megaesquema de fraude.
Colecionador de mais de 100 processos por improbidade administrativa, o político ganhou fama e fortuna como prefeito profissional e itinerante das cidades de Lagoa dos Patos e Pirapora. Ele já se preparava para disputar a mesma cadeira
Delinquência
Ao negar habeas corpus ao ex-prefeito no processo que apura a falta de licitação para a contratação de músicos para a festa do centenário, o desembargador Flávio Batista Leite foi duro com Warmillon e afirmou: “Ele é vezeiro na delinquência”. E foi ainda mais longe: “Além de responder ao processo que deu causa à prisão preventiva que aqui se busca desconstituir, no qual é acusado de fraudar licitação para contratação (superfaturada) de diversos artistas nacionais renomados para o show de comemoração do aniversário da cidade, o paciente, que foi prefeito por duas vezes de Lagoa dos Patos (1997/2004) e por duas outras vezes de Pirapora (2005/2012), ambos mineiros, coleciona uma vasta gama de processos criminais e por improbidade administrativa e ainda é investigado em vários inquéritos policiais”.
O político recebeu ainda um puxão de orelha do desembargador: “E os delitos em tela não causam só a perturbação da ordem pública, mas, também, na medida em que solapam o patrimônio público, causam prejuízo direto à população, que se vê à míngua dos serviços públicos de saúde, educação, saneamento, etc., cujos recursos são, em tese, diuturnamente arrebatados por administradores corruptos.
O Estado de Minas entrou em contato com a Prefeitura de Pirapora e foi encaminhada para falar com o secretário de Planejamento, Célio César, que não atendeu à ligação nem retornou, apesar de informado sobre a demanda.
Jornal Estado de Minas: