O Blog Transparência abre
espaço para divulgar matéria do piraporense Ivan Chagas.
TURISMO NÁUTICO
Por Ivan Chagas*
Existe um grande mercado náutico em Minas Gerais com capacidade
para desenvolver diversas categorias de turismo náutico, que vem crescendo ano
a ano no estado. Mais de 150 municípios, ou seja, 17% do total possuem
condições naturais para o desenvolvimento do turismo náutico. São muitos
lugares para navegar no estado.
Antes considerado reduto exclusivo dos ricos, o mercado náutico
atrai cada vez mais a classe B. À medida que aumenta o poder aquisitivo, cresce
também a inclusão náutica. A oferta de produtos acessíveis e as linhas de
crédito bancários e dos estaleiros, que permitem financiamentos de até 60
vezes, têm ampliado as oportunidades e o consumo no setor náutico. A prestação
de serviços em marinas e áreas náuticas gera, em média, três postos de trabalho
por barco ancorado.
No estado de Minas, mesmo sem litoral, os amantes dos esportes
aquáticos podem se divertir nas belas represas e rios da região, pois existe
uma quantidade significativa destes locais propícios para a prática destes
esportes ou mesmo para lazer. Passeios de lancha, jet ski e esportes como wake
board, uai surf (surf do Cerrado) e ski aquático são algumas das atividades
praticadas nestas represas. Parte do crescimento dos esportes náuticos de
represa aconteceu em função do aquecimento econômico destas regiões, ocasionado
pelo aquecimento do mercado imobiliário às margens delas. Empresas que estavam
de olho nessa mudança, investiram em infraestrutura, impulsionando o mercado
local, que por sua vez refletiu no turismo.
Na cidade de Capitólio, onde está localizado o balneário de
Escarpas do Lago, às margens do lago de Frunas, possui um dos mais belos
atrativos náuticos do estado, a procura por este mercado evoluiu muito nos
últimos anos, com a construção de novas marinas e, em parte também, devido à
instalação do estaleiro Ventura Marine.
O Parque Náutico de Jaguara, localizado na cidade de Sacramento,
no Triângulo Mineiro, é um complexo turístico e imobiliário às margens da
represa do Jaguara, onde o destaque é o grande lago de águas cristalinas com 33
km² de área.
Pirapora, norte de Minas, localizada
estrategicamente às margens do rio São Francisco, possui um potencial
incomparável com outras cidades do estado, porém o turismo náutico na cidade
ainda é inexistente. Existem poucos barcos, lanchas e nenhum píer ou
ancoradouro com a mínima infra-estrutura necessária. Não cabe nem mencionar o
porto da cidade, de tão nefasto que é.
Listo uma infinidade de esportes náuticos que poderiam ser
explorados na cidade: acquatreking (ou acquaride ou boiacross), caiaque, esqui
aquático, jet ski, passeio de lancha, pesca esportiva, rafting, remo,
wakeboard, natação, canoa canadense e stand up paddle, são alguns dos esportes
que poderiam se desenvolver no município. O rio em Pirapora é capaz de absorver
todas estas modalidades, porém seria necessário investimento do poder público
local.
Já passou da hora dos administradores voltarem o olhar para o
setor náutico, atrair revendedores, construir marinas, píeres para atracar
lanchas e barcos, estimular o desenvolvimento e a prática destes esportes,
instalar e coordenar escolas de formação, criar um setor específico para tal
fim dentro da Prefeitura, sob direção de um profissional competente que conheça
o mercado e suas peculiaridades.
Fazendo um comparativo, o bicicross, que nasceu da organização de
um pequeno grupo da sociedade civil e alcançou patamares até então
inimagináveis. Provou que tudo que é feito com esmero, responsabilidade e
competência alcança seus objetivos. Infelizmente
por um ato isolado de um administrador irresponsável, a pista, palco de
destaque no cenário esportivo internacional, foi sepultada para dar lugar a
este ridículo calçadão. Está aí uma história sem volta.
Voltando ao foco, o turismo náutico, alguns destes esportes podem
se transformar em benefício saudável para os praticantes, para isto basta que
sejam estimulados a praticá-los. Infelizmente, percebo que o rio São Francisco
tem se distanciado significativamente do cotidiano dos cidadãos piraporenses e
seus, parcos, turistas. Na minha infância e adolescência, era quase que
obrigatório “ir a praia” todos os dias durante as férias. Fazia parte do nosso
dia a dia. Hoje não mais.
É urgente que a população e os turistas voltem a fazer o uso
sustentável do Velho Chico, e o esporte cumpre este papel agregador de forma
muito eficiente.
Ivan Chagas*
Sion Produções Eventos
Produtor de eventos, tendo realizado três feiras náuticas, duas em
Escarpas do Lago (Lago de Furnas) e uma no Alphaville Lagoa dos Ingleses (Nova
Lima), em porto seco.
ivanchagas1@gmail.com